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“Eu não consigo amamentar meu filho e ver ele chorando me enche de culpa”, “quando minha filha dorme, sinto-me a pior pessoa do mundo”, “acabei gritando com meu filho e me senti extremamente culpada”, “permiti que minha filha comece batata frita, que peso na consciência!”, “já me senti culpada por ser super protetora”, “quando saio para trabalhar é uma dor gigantesca, uma culpa imensa!”, etc.. São inúmeras falas semelhantes que inundam o coração materno e que refletem o sentimento de culpa.
Com base em uma abordagem consciencial, o movimento da culpa no ser causa conflitos que, consequentemente, podem levar a pessoa a alcançar, em níveis mais profundos, doenças psíquicas e também as físicas. Já com relação a educação deles, este sentimento influenciará nas decisões a serem tomadas, tendendo a cair na negligência (Por exemplo, a compensação, isto é, dar um brinquedo ao filho para diminuir a ânsia da culpa de ter ido trabalhar dois turnos naquele dia) ou na permissividade que faz com que os pais deixem seus filhos fazerem o que quiserem, mesmo sabendo que o melhor para ele é seguir diretrizes seguras entre direitos e deveres.
Existe uma cultura ainda cruel que faz com que o ser humano busque o acerto o tempo todo, que a felicidade é quando agimos sempre conforme os pressupostos das abordagens educacionais, que os pais devem a todo custo fazer isso ou aquilo e assim ocorrem inúmeras imposições que geram turbulências na vida mental de toda mãe ou pai que ama seus pequeninos.
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É interessante perceber que a razão nestes momentos escapa das mentes e dos corações. É obvio que todo pai ou mãe conscientes da sua missão no ato de educar devem estar, no limite de suas possibilidades, estudando e se informando do que as pesquisas mais recentes esclarecem sobre o desenvolvimento infatojuvenil. Entretanto, é preciso refletir, primeiramente, que as gerações se transformam de forma gradativa tal como os pais e seus filhos queridos.
Além do mais, a culpa tem sua raiz na exigência de perfeição. O ser humano buscar o aperfeiçoamento faz total sentido, mas nadar contra a corrente das imperfeições tentando ser perfeitos é ilógico e extremamente maldoso consigo. Os indivíduos são sempre perfectíveis, ou seja, possível sempre de melhoramento, mas não perfeitos e prontos.
Certa vez chegou até mim uma família que ao adentrar no seu sistema de funcionamento, pude concluir que a criança em dificuldade necessitava tão somente de HUMANIDADE. É isso mesmo. Enxergava seus pais tão perfeitos que preferia não tentar fazer uma série de atividades que necessitava cumprir, pois “imagina se eu errar? Não serei tão bom quanto meus pais são e desejam de mim”. Se a criança pudesse se expressar de forma clara, falaria isso aos tutores amados e idolatrados. Bastou os pais demonstrarem que também se equivocavam, que também se entristeciam, que também tinham muitas dúvidas, que também já falharam que a criança começou a diluir os seus comportamentos desafiadores.
Portanto, apesar da dificuldade de sublimar este sentimento da culpa, faz-se mister começar agora exercícios de autoacolhimento, autoaceitação, autorespeito, autoamor para que a educação dos filhos seja cumprida no limite das forças de cada pai e mãe. Se o adulto percebe que errou, deve se perdoar, admitir o erro pedindo desculpas e seguir em frente.
O educador consciente é este que cumpre sua missão com cuidado, primeiro para consigo, para poder ir ao encontro dos pequenos com maior efetividade e proatividade. A culpa massacra, o amor sublima! Seja o amor que pode doar no hoje que terá a certeza de ter um filho que estará recebendo tudo aquilo de que ele necessita, isto é, uma mãe, e eu acrescento também um pai, suficientemente bons, como define o pesquisador do desenvolvimento infantil na ciência psicológica, Donald Woods Winnicott.