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O livro Inteligência Emocional – a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente do psicólogo norte-americano Daniel Goleman, publicado em 1995, buscou transformar uma realidade que infelizmente ainda persiste em existir na nossa sociedade: as doenças emocionais, o vazio existencial. Apesar da obra ter revolucionado significativamente a compreensão da ciência psicológica indo além da inteligência cognitiva, isto é, trazendo resultados de pesquisas científicas que demonstraram a importância de se trabalhar as emoções no ser humano e nas organizações, o que se pode verificar é que grande parte dos indivíduos negligenciam as questões emocionais.
Como bem coloca o médico homeopata e psicoterapeuta transpessoal-consciencial, Alírio de Cerqueira Filho, no seu livro Inteligência Consciencial – a conquista da autonomia da consciência:
“Ainda vivemos em uma sociedade que privilegia o intelecto. Com raras exceções, desde crianças somos educados, ou poderíamos melhor dizer mal-educados, a reprimir as emoções, e, ao mesmo tempo, é dada muito ênfase à educação intelectual. Os pais preocupam-se em oferecer uma educação social baseada em regras de conduta, ocupando-se muito pouco com a educação emocional dos filhos, em realmente ajudá-los a expressar as emoções e a saber lidar com elas.
Isso prossegue na escola, que dá ênfase à formação intelectual e à inteligência cognitiva, colocando-se a formação emocional, quando existe, em segundo plano.”
Consequentemente, temos hoje um número crescente de pessoas com transtornos como o bipolar, a ansiedade, a depressão, a síndrome do pânico e tantas outras que fazem parte hoje da realidade. Diante destas consequências é fundamental refletir: o porquê, mesmo diante de conteúdos que trouxeram em pauta as emoções há mais de vinte anos, continua-se a negligenciar e adoecer cada vez mais.
A resposta, segundo o Dr. Alírio de Cerqueira Filho, é a necessidade do sujeito de desenvolver a inteligência consciencial, ou seja, a inteligência centrada na importância do indivíduo se desenvolver na vertical da vida. Fato este que o direciona a uma conexão profunda com a fonte que o gerou (Arquétipo Primordial da Vida) e isso se dá por meio do desenvolvimento das virtudes nas suas relações com os demais seres.
Ademais, as inteligências cognitiva e emocional tratam mais das questões transitórias da vida tais como os relacionamentos interpessoais, a profissão dos sonhos e o salário satisfatório, questões, em geral, do meio do qual o sujeito faz parte. Estes são fatores significativos também para a harmonia dos indivíduos, entretanto, não bastam, no sentido que a inteligência consciencial desperta para o lado intrapessoal, a busca para uma forma de se viver para o autoconsciência e ao desenvolvimento de virtudes latentes dentro de si.
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Trabalhar as virtudes não é apenas dizer para o indivíduo o que são as emoções da raiva, do medo, da angústia, acolhê-las e ensinar o que ele deve fazer quando esses sentimentos aparecem. É também isso, mas estende a levar reflexões que o ensinam e estimulam ele a superar-se desenvolvendo as virtudes que habilitará ele, gradativamente, a passar pelas mesmas experiências expressando emoções diferentes, isto é, emoções que geram mais bem-estar e leveza. Afinal, as emoções como a raiva são apenas efeito. A nossa pergunta deveria ser: o que está por traz da raiva? Se for a impaciência, por exemplo, a virtude que o sujeito é convidado a exercitar é a paciência que ele já traz em essência na sua própria consciência como menciona o criador da logoterapia, médico e psiquiatra austríaco, Viktor Frankl no livro A Presença Ignorada de Deus:
“Existem, portanto, situações nas quais a pessoa está colocada diante de uma opção de valores, diante da opção entre princípios mutuamente contraditórios. Para não optar de forma arbitrária, a pessoa dependerá novamente da sua consciência, sendo que exclusivamente a consciência a capacita a tomar uma decisão livre, mas não arbitrária, e sim responsável. Sem dúvida, a própria pessoa naturalmente continua livre perante a própria consciência; as essa liberdade consiste única e exclusivamente na opção entre duas possibilidades: a de dar ouvidos à consciência ou de rejeitar sua advertência.”
Faz-se útil destacar que a inteligência consciencial não exclui as demais inteligências cognitiva e emocional, ao contrário, as abrangem, pois todas estas inteligências se fazem imprescindíveis para uma vida equilibrada e saudável.
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A inteligência consciencial foi criada com base na abordagem consciencial, método centrado na quarta força da Psicologia: a Psicologia Transpessoal. Essa força possui várias correntes de pensamento e durante mais de vinte anos, no Instituto Brasileiro de Plenitude Humana desenvolveram-se as bases de uma nova corrente de orientação transpessoal, a Psicologia Consciencial.
No livro A Inteligência Consciencial – a conquista da autonomia da consciência, é possível compreender os quatro parâmetros principais desta abordagem, a saber:
”O Arquétipo Primordial, conhecido popularmente como Deus, Consciência Cósmica, Criador, dentre outras deominações; o ser humano como Ser Essencial, ou seja, uma Essência Divina, espírito, criado pelo Arquétipo Primordial para evoluir por meio de várias existências até a perfeição; a evolução espiritual por meio do exercício de virtudes para cumprir um código moral de leis psíquicas que existe na própria consciência do ser humano; e utilizar como arquétipo para a evolução do Ser Essencial: Jesus-Cristo’, o Ser Consciencial, Arquétipo de Perfeição possível a um ser humano.”
Viktor Frankl, o grande psiquiatra austríaco e criador da logoterapia, diz em sua obra A presença ignorada de Deus, que há uma só maneira de se sentir completo:
“Pelo fato de o ser humano estar centrado como indivíduo em uma pessoa determinada (como centro espiritual existencial), e somente por isso, o ser humano é também um ser integrado: somente a pessoa espiritual estabelece a unidade e totalidade do entre humano. Ela forma essa totalidade como sendo biopsicoespiritual. Não será demais enfatizar que somente essa totalidade tripla torna o ser humano completo. Portanto, não se justifica, como frequentemente ocorre, falar do ser humano como uma totalidade “corpo-mente”; corpo e mente podem constituir uma unidade, por exemplo, a “unidade” psicofísica, porém, essa unidade jamais seria capaz de representar a totalidade humana. A essa totalidade, ao ser humano total, pertence o espiritual, e lhe pertence como a sua característica mais específica. Enquanto somente se falar de corpo e mente, é evidente que não se pode estar falando da totalidade.”
Portanto, é importantíssimo que o ser humano se volte cada vez mais a uma educação eminentemente consciente, que ensine os reais valores da existência para que o indivíduo cresça sentindo-se completo e viva uma vida plena de sentido.
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